sábado, 21 de maio de 2011

Leitura e escrita.....

Texto retirado do Guia e Recursos Didáticos para o Professor.
Projeto Buriti-Português-5ºAno-Editora Moderna

    Atualmente, há muitos estudos que indicam a importância de o ensino da leitura e da escrita ocorrer em contextos significativos para a criança. Ainda que a criança não reconheça as relações existentes entre o que está escrito e o que é lido, ou seja, que não conheça as regras do nosso sistema de escrita alfabético, deve participar de práticas sociais em que a leitura e a escrita estejam inseridas.
    Essas práticas sociais em desenvolvimento nas deferentes esferas sociais orientam os leitores e escritores sobre algumas das finalidades que envolvem o ato de ler ou de produzir, textos orais e escritos. Os usuários da língua portuguesa, diariamente, selecionam gêneros adequados para a organização do seu discurso nessas esferas. Por exemplo, se a finalidade é convencer o outro a respeito da eficácia de um determinado produto, pode-se utilizar a propaganda; se há a intenção de manifestar uma opinião a respeito de matéria divulgar em um jornal, pode-se utilizar a carta de leitor; se o propósito é manter contato com um familiar distante, pode-se usar a carta pessoal etc. Assim, os propósitos comunicativos é que irão definir o que ler e escrever.
    Ao escolher um texto para leitura, sempre temos um propósito, ainda que de forma inconsciente.
    Leitores experientes sabem selecionar textos adequados a diferentes propósitos. O ato de selecionar um texto para ler requer do leitor um conhecimento sobre a situação de comunicação em que está inserido, que envolve conhecer os interlocutores, saber onde procurar, como abordar o texto, qual texto é mais adequado a determinado propósito etc.
    É fundamental ressaltar que um mesmo texto pode atender a diferentes propósitos. Podemos ler uma reportagem para nos informar, para aprender/estudar e por prazer.
    Apesar de sabermos que o prazer é pessoal e que cada pessoa sabe como obtê-lo, considerando o papel da escola na formação de leitores e escritores, é importante que o aluno tenha a oportunidade de lidar com textos em que o propósito seja divertir, emocionar, sonhar, imaginar.


    Com o propósito de se informar, o leitor deseja encontrar uma informação precisa, que seja de seu interesse. Dependendo do tipo de informação esperada, é possível ler desde uma reportagem a respeito do assunto a uma carta pessoal, se a intenção, por exemplo, for obter informação a respeito de um parente ou amigo distante. Atende, ainda, a esse propósito a buscar por um determinado endereço no guia telefônico ou pelo nome de um filme e o local em que está sendo exibido, no guia cultural de um jornal etc.
    A busca de informação pode ser caracterizada como uma leitura mais seletiva, uma vez que, ao abordar o texto, o leitor tem o propósito exato do que pretende encontrar e deve selecionar as informações mais relevantes a seus objetivos.
A leitura que se realiza para aprender é sempre diferente da que é realizada com outros objetivos. Os procedimentos são variados: ler os títulos e subtítulos dos textos para se ter uma ideia geral do seu conteúdo; ler a introdução para selecionar um texto entre muitos; fazer anotações durante a leitura; fazer uma leitura geral, mais superficial, para se ter uma ideia do conteúdo e depois retomar cada parte; estudar um texto para revisá-lo, para torná-lo mais adequado á situação comunicativa, aos interlocutores. Enfim, há muitas maneiras de abordar um texto para aprender, mas sabemos que em todo ato de aprendizagem, o texto deve ser lido mais de uma vez.
    O ato de ler para aprender sobre um determinado assunto requer, ainda, que o leitor selecione o gênero textual mais adequado aos seus objetivos. Para isso, ele deve utilizar os procedimentos de leitura adequados a cada gênero. Por exemplo, ler uma relato histórico: a organização dos textos é diferente e o aluno deve aprender algumas estratégias de busca de informações em cada um dos gêneros selecionados, sob pena de não aprender o conteúdo necessário.


Pra quem se escreve, para que e em que condições.

    Quando o professor propõe ao aluno a tarefa de produzir um texto na escola, deve considerar as condições em que ele será produzido. Isto significa pensar em: para quem, para que e qual o modo ou veículo de circulação.
    Uma vez que o texto é, por excelência, um espaço de interlocução, pode-se inferir que o escritor sempre escreve para alguém. As palavras postas no papel esperam por outros olhos, por uma conversa ou um debate de ideias, anseiam persuadir, emocionar, ser objetivo de inferências. A palavra que não é lida permanece em estado de espera; a palavra que é avaliada apenas sob a ótica do erro perdeu sua essência, está morta.
    Por isso, todo escritor tem direito a um leitor. Quando o escritor pensa o seu texto, ele o faz pressupondo um destinatário real ou imaginário, cujo perfil irá orientar o modo como o texto será apresentado, a linguagem que será usada e o melhor estilo.
    Esse mesmo perfil deve ser levado em conta pelo professor no momento da revisão/avaliação do texto.
    Se o texto é escrito para alguém, há que se considerar também a relevância de um objetivo, um “para que” e um meio que o fará chegar ao leitor. Quando se propõe ao aluno que escreva um texto ficcional, por exemplo, espera-se que ele emocione, transgrida, que leve o leitor a um plano além da realidade, que o faça temer pela sorte de uma personagem, que adentre o espaço desenhado pela imaginação. Se em outra situação, lhe é proposto que exponha o resultado de uma pesquisa sobre determinado tema, é esperado que ele construa um texto objetivo que informe ao leitor dados relevantes sobre o tema, a gênese a causa e a consequência e que obedeça a uma estrutura formal.
    Os textos ficcionais, expositivos, instrucionais ou argumentativos produzidos pelo aluno serão mais adequados à medida que houver, previamente, mais clareza quanto ás circunstâncias finais de leitura e divulgação. Se o aluno irá produzir um texto ficcional é importante que ele saiba que o seu texto irá compor, por exemplo, uma coletânea a ser lida por alunos de outras classes o pela comunidade ou pelos pais. Do mesmo modo, se for produzir um texto expositivo que apresenta o resultado de uma pesquisa, ele deverá saber se será apresentado para a classe sob a forma de um seminário ou numa feira de Ciências promovida pela escola, por exemplo.

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